LITERATURAnews | Vale Tudo para vencer na vida?
Em 1988, uma novela fez o Brasil se perguntar: Vale Tudo para vencer na vida? Escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, Vale Tudo se tornou um marco da teledramaturgia nacional. Agora, décadas depois, a Rede Globo anuncia o remake da novela com previsão para estreiar em março deste ano.
A trama acompanha a luta de Raquel Accioli, uma mulher íntegra e batalhadora, contra os valores distorcidos da própria filha, Maria de Fátima, que acredita que o sucesso justifica qualquer meio. O embate entre essas personagens icônicas sintetiza um dilema universal e atemporal: o que estamos dispostos a sacrificar por ambição?
Além do conflito moral, Vale Tudo é lembrada pelo inesquecível vilão Marco Aurélio e sua emblemática fuga de jatinho, além do maior mistério da novela: quem matou Odete Roitman? A famosa pergunta que mobilizou todo o país naquela época!
Se compararmos Vale Tudo a um movimento literário, poderíamos dizer que o Realismo seria o que mais se assemelharia a essa novela. Esse movimento surgiu no século XIX como uma reação ao Romantismo e tinha o objetivo de retratar a realidade de forma objetiva e crítica, como nas obras de Machado de Assis, Eça de Queirós e Gustave Flaubert.
A novela se destaca por seu realismo social e pela abordagem crítica da corrupção e da desigualdade no Brasil. Seu sucesso não se deve apenas à trama envolvente, mas também à capacidade de provocar reflexões profundas sobre a sociedade e seus valores por meio de personagens multifacetados.
O desfecho da novela, com vilões impunes e a pergunta sem resposta sobre se ainda vale a pena ser honesto, é uma característica típica do Realismo, que não buscava finais felizes idealizados, mas sim retratar a vida como ela é.
Assim, podemos dizer que Vale Tudo utiliza a teledramaturgia para trazer à tona questionamentos atemporais sobre moralidade, poder e justiça, além de se manter incrivelmente atual mesmo décadas após sua estreia.
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