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Foto do escritorPriscila Batista Arcanjo

LITERATURAnews | Cora Coralina: uma mulher à frente de seu tempo


No dia 20 de outubro é comemorado o Dia do Poeta em homenagem à criação do Movimento Poético Nacional na casa do jornalista, romancista, advogado e pintor brasileiro Paulo Menotti Del Picchia em 20 de outubro de 1976. Já no dia 29 de outubro é comemorado o Dia Nacional do Livro em homenagem à criação da Fundação Biblioteca Nacional em 29 de outubro de 1810.


Para comemorar estas datas especiais, o Sulacap News escolheu homenagear a escritora Cora Coralina. Com o pseudônimo de Cora Coralina, Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas nasceu em Goiás em 1889. Reconhecido pela UNESCO como patrimônio histórico e cultural mundial, o município de Goiás ainda preserva a arquitetura do período colonial e suas tradições culturais. Foi à beira do rio vermelho na casa velha da ponte que Cora Coralina nasceu e viveu grande parte de sua vida em Goiás.


Em entrevista à TV Cultura em 1983, Cora Coralina confessou que se sentia uma criança frágil, triste e com dificuldades de aprendizagem. Desacreditada até mesmo por sua família de que seria capaz de aprender a ler e escrever, Cora relatou ter superado suas dificuldades com a ajuda de uma professora paciente e dedicada. Durante toda sua vida, disse ter sido muito agradecida a ela e ter dedicado seu livro “VINTÉM DE COBRE: Meias Confissões de Aninha” a essa professora. Devido à necessidade de se libertar das limitações impostas por sua família, Cora mencionou ter pensado que seu casamento seria sua única opção de liberdade naquela época. Uma doce ilusão que, segundo sua percepção, se revelou através do ciúme controlador de seu marido. Apesar disso, ela disse nunca ter se arrependido do seu casamento e ter permanecido casada por 24 anos.


Teve alguns de seus poemas musicados. Um de seus poemas “O Cântico da Terra” foi escrito com a intenção de ser um hino para o lavrador. Segundo Cora, ninguém havia se lembrado de escrever sobre o lavrador. Além disso, ela manifestou que gostaria que esse poema fosse musicado e transformado em canção popular.


Eu sou a terra, eu sou a vida. Do meu barro primeiro veio o homem. De mim veio a mulher e veio o amor. Veio a árvore, veio a fonte. Vem o fruto e vem a flor. Eu sou a fonte original de toda vida. Sou o chão que se prende à tua casa. Sou a telha da coberta de teu lar. A mina constante de teu poço. Sou a espiga generosa de teu gado e certeza tranqüila ao teu esforço. Sou a razão de tua vida. De mim vieste pela mão do Criador, e a mim tu voltarás no fim da lida. Só em mim acharás descanso e Paz. Eu sou a grande Mãe Universal. Tua filha, tua noiva e desposada. A mulher e o ventre que fecundas. Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor. A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu. Teu arado, tua foice, teu machado. O berço pequenino de teu filho. O algodão de tua veste e o pão de tua casa. E um dia bem distante a mim tu voltarás. E no canteiro materno de meu seio tranqüilo dormirás. Plantemos a roça. Lavremos a gleba. Cuidemos do ninho, do gado e da tulha. Fartura teremos e donos de sítio felizes seremos.


É considerada uma das mais importantes poetisas e contistas brasileiras. Seu primeiro livro, “POEMAS DOS BECOS DE GOIÁS E ESTÓRIAS MAIS”, somente foi publicado quando ela já tinha 75 anos de idade.


Suas poesias retratam o cotidiano do interior brasileiro, em particular de Goiás, com simplicidade e empatia pelo semelhante. Enriqueceu a literatura brasileira com a beleza e a simplicidade de seus versos. Faleceu em Goiânia em 1985 e deixou um legado literário maravilhoso para todos nós.


A casa velha da ponte foi transformada no Museu Casa de Cora Coralina em 1989. Possui o objetivo de preservar sua história de vida, sua poesia e promover atividades culturais, artísticas, educacionais e filantrópicas com o intuito de valorizar a identidade sociocultural do povo goiano.


Convido vocês agora para uma viagem até o Museu Casa de Cora Coralina através deste documentário: https://www.youtube.com/watch?v=xkqA_TIPqm4&t=95s


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