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Foto do escritorPedro Nascimento

Conheça o grupo de ciclistas que sai de Realengo e se aventura pela Cidade do Rio

Atualizado: 15 de jun. de 2021

Os benefícios não são apenas físicos, pedalar ajuda também a melhorar a saúde mental

Superando os desafios da distância, do perigo e até das dificuldades da mobilidade urbana, grupo de ciclistas se aventuram saindo de Realengo e pedalam até outros pontos da cidade do Rio e do Estado. O grupo está propondo a criação de uma nova Ciclovia que ligaria Deodoro à Praia do Recreio.


O "Pedal Realengo" surgiu ainda em 2020, quando Renan Sousa, morador de Padre Miguel, decidiu pedalar até a Vila Militar. Após isso, ele teve a ideia de criar um grupo no WhatsApp para reunir ciclistas da região. Renan comentou que o surgimento se deu principalmente por questões de segurança:


Pedalar pelo subúrbio não é fácil, corremos muitos riscos: assalto, pistas com crateras, bueiros sem tampa, falta de iluminação, falta de ciclovia, motoristas mal educados e muitos outros problemas. Passamos por várias comunidades, acredito que em grupo gera uma sensação de segurança maior. Nós pedalamos juntos para um socorrer o outro.

No início, o grupo começou com 10 ciclistas que faziam com rotina o pedal até à Vila Militar, mas com o passar do tempo outras pessoas foram integrando e hoje, o Pedal Realengo já conta com mais de 200 ciclistas. Com a chegada de novos integrantes, os desafios foram mudando, os trajetos e percursos começaram a ser mais longo, a ponto do grupo fazer passeios pela cidade do Rio e até outros lugares do Estado, tudo isso de bicicleta e saindo de Realengo:

Nossa rotina é ir para o Engenhão e para Praia do Recreio, são os nossos treinos semanais. Eventualmente, nos finais de semana, fazemos os chamados "longão" que são passeios que duram mais de 10h. Vamos para cachoeiras, já fomos para Mazomba em Itaguaí, Véu da Noiva em Muriqui. Já fomos para Arcádia e Lagoa das Lontras, em Miguel Pereira. Além, de Niterói e Maricá

Renan disse também que o maior percurso que fizeram foi para Saquarema e o mais desafiador foi para a Vista Chinesa:

O pedal mais longo que o grupo fez foi para Saquarema. O mais difícil foi para Vista Chinesa, sair de Realengo e ir pra lá de bicicleta não é fácil, tem muita subida.

Além dos benefícios físicos, pedalar também ajuda à resolver problemas psicológicos. Nesse momento de pandemia, houve um aumento na procura de esportes que podem praticados ao ar livre como uma forma de exercer a saúde mental. Com o ciclismo não foi diferente, Renan conta que muitas pessoas encontraram nos pedais uma válvula de escape e uma forma de solucionar problemas mentais, os resultados são positivos:

Muitas pessoas nos procuram por problemas relacionados a mente: medo, ansiedade, depressão e etc. Essas pessoas encontraram no ciclismo um novo remédio. Muitas delas reduziram ou pararam de tomar remédio. A bicicleta representa um estilo de vida saudável, uma forma de mantermos o equilíbrio entre o corpo e a mente. É realmente uma terapia. Cada pedal é um desafio novo, com novas emoções, riscos e dificuldade.

O problema da falta de ciclovias na Zona Oeste


A Zona Oeste do Rio vive um déficit de atenção do poder público há anos. Apesar de ser a maior região da Cidade, não há disponibilidade de espaços de cultura e de lazer comparado com outras regiões, não se encontram muitos teatros, museus, praças, bosques, parques, entre outras opções, que possam ser utilizadas em boas condições e com segurança.


Para Renan, a falta de faixas exclusivas para ciclistas é um dos principais impedimento de uma maior popularização da bicicleta na nossa população, pois muitas pessoas têm medo de dividir as ruas com carros, ônibus e caminhões:

Claro. Muitas pessoas não pedalam por medo do trânsito e realmente é muito perigoso. Na verdade os carros deveriam proteger os ciclistas, pois pela lei de trânsito são os maiores protegendo os menores. Mas, não é isso que acontece.

No último dia 9 deste mês, a Prefeitura do Rio inaugurou a primeira área de proteção aos ciclistas (APCC) noturna da cidade, que fica localizada no Parque Radical de Deodoro, que é um local muito utilizado pelo Pedal Realengo, contendo cerca de 2,4km (ida e volta), com sinalização nas linhas laterais e centrais, além de setas direcionais a cada 200m. Entretanto, a região que abriga este parque é de responsabilidade da Subprefeitura da Zona Norte.

Em nota, a Subprefeitura da Zona Oeste informou que entende a necessidade urgente de melhoria na mobilidade urbana de modo sustentável na nossa localidade. Para isso, vem conversando com moradores e grupos de ciclismo da região, com o intuito de recolher sugestões de locais para implantação de ciclovias. Após esse recolhimento haverá um período de estudos e avaliações com as autoridades competentes, para a averiguação de possibilidade e os melhores locais para serem implantados.


Ciclistas do Pedal Realengo, propuseram a criação de uma nova ciclovia que iria ligar o Parque Radical de Deodoro à Praia do Recreio. O trajeto passaria por um trecho da Av. Brasil, pela Transolímpica e terminaria na Praia do Recreio. Segundo o grupo, muitas pessoas que trabalham na região da Barra da Tijuca reclamam do trânsito, do transporte público lotado e do pedágio, esse trajeto seria uma solução para todos esses problemas e iria ajudar o meio ambiente, além da criação de um novo espaço público de lazer.

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