Uma praça que não é praça e deveria ter um ginásio na Estrada do Catonho
Essa é uma das verdades mais confusas, mas o fato é que a Praça D. Hélder Câmara na verdade, nem praça é, segundo a Prefeitura do Rio. Na década de 80, havia a especulação que o terreno seria usado para uma escola pública de esino médio ou técnico. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, o terreno pertence ao patrimônio público municipal e não pertence a SME. Durante muitos anos, o local foi uma pequena pracinha, com poucos bancos e um campinho iluminado com alambrados. Quando veio a construção da Transolímpica, o terreno foi ocupado pelo Consórcio Construtor TransBrasil, servindo de base para a empresa ao longo de toda obra. Em 20/12/2016, um presente de Natal antecipado para o Jardim Sulacap. O espaço foi devolvido para a comunidade, ainda com iluminação provisória.
Em 14/07/2017, a RioLuz inaugurou a iluminação no terreno, com a presença da Presidente da Rioluz (Companhia Municipal de Energia), Denise Prado, acompanhada de assessores e todo corpo operacional da unidade de Marechal Hermes, que foi responsável pela e-xecução da obra. Também presentes representantes da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente, além da Associação de Moradores de Sulacap (AMISUL). O consórcio construtor e a concessionária ViaRio devolveram para a comunidade um amplo espaço, arborizado, com locais cimentados e uma rua asfaltada em forma circular. As novas características deixaram moradores orgulhosos e felizes, pois ganharam espaço para atividades físicas e lazer, mesmo faltando iluminação, mesas, bancos e outros equipamentos básicos de uma praça.
Durante o processo de saída do terreno, o então Supervisor Regional de Sulacap e Magalhães Bastos, Vicente Reis, acompanhou atentamente a entrega do espaço, cobrando da empresa as contrapartidas necessárias para a devolução adequada para os moradores do bairro. Ainda em novembro de 2016, conseguiu junto a gestão Eduardo Paes uma vistoria técnica da RioLuz, com a presença dos síndicos do entorno da praça. Naquela reunião, o projeto da obra de iluminação foi totalmente montado, ficando para a gestão Crivella dar sequencia ao processo para início das obras. “Foi o Vicente que começou tudo isso ano passado e temos que reconhecer isso. Mas também temos que agradecer aos briosos funcionários da RioLuz que trabalharam arduamente”, disse Rejane Correa (foto), na época, membro da Associação de Moradores de Sulacap (AMISUL).
Mas antes mesmo do espaço ser devolvido a comunidade, em 04/10/2016, a AMISUL já pensava num projeto para o espaço: um ginásio sustentável. Um dos idealizadores da ideia foi Emilson Moreira, educador, 55 anos. “O ginásio poliesportivo atenderia às escolas para a prática de educação física, ao desporto de rendimento, além de espaço de integração, diversão e de espaço de integração, diversão e confraternização. Assim, o ginásio atenderia demandas diferentes, favorecendo as pessoas de acordo com suas possibilidades e interesses”, disse ele, nascido e criado no Jardim Sulacap, lembrando que o sonho do ginásio é antigo, de agosto de 1963, no antigo Mercado Jardim Sulacap, quando foi solicitado pela associação de moradores ao governador Carlos Lacerda, a construção de um ginásio poliesportivo no bairro.
Na ideia atual, a área construída teria 1.795 m² no terreno de aproximadamente 3.000 m². Quadra poliesportiva oficial de 39,39m x 45,50m e altura de 12 metros. O ginásio prevê dois andares e teria capacidade de acomodar 125 pessoas. O projeto do Ginásio Sustentável virou Projeto de Lei na Câmara Municipal do Rio de Janeiro (CMRJ), a pedido do Vereador Marcelino D´Almeida em 25/04/2016.
Em 23/03/2017, o Projeto de Lei foi aprovado na CMRJ e encaminhado ao prefeito, que em 18/04/2017, vetou, alegando “indevida intromissão do Poder Legislativo em matérias de cunho estritamente administrativo e geração de despesa pública sem a correspondente previsão de fonte de custeio”. A Câmara Municipal derrubou o veto do prefeito em 23/05/2017 e o projeto virou a Lei 6185/2017.
Segundo a Lei, o Ginásio Poliesportivo Sustentável da Cidade do Rio de Janeiro, especificamente no Jardim Sulacap, atenderá às necessidades práticas de educação física, desporto, integração, confraternização, treinamentos, competições e intercâmbios de alunos atletas das unidades públicas educacionais da região, prioritariamente as modalidades esportivas de competições intercolegiais, como atletismo, basquete, voleibol e handebol. Além disso, auto-riza a Prefeitura firmar convênio com o Poder Federal, Poder Estadual e iniciativa privada, com objetivo de viabilizar a implantação do ginásio. Desde então, nada aconteceu e a Lei é mais uma de tantas que não são respeitadas.
Passados mais de dois anos da Lei, a praça que não é praça, segue sendo a Praça D. Hélder Câmara apenas pelo senso comum dos moradores e usuários. Oficialmente, o espaço possui dois quiosques legalizados e um em fase de legalização. Os espaços cimentados e a rua dentro dos limites da “praça” são bem aproveitados pelos moradores o entorno, com skates, corridas e bicicletas. Já é xodó de quem frequenta e tem até um jardineiro voluntário cultivando flores num pequeno espaço.
Até a publicação dessa matéria, a Prefeitura não respondeu como estão os trâmites para o cumprimento da Lei que determina a construção do Ginásio Sustentável.
Enquanto isso, os moradores aproveitam do espaço público como uma praça, cheia de espaços de lazer e vazios de equipamentos.