EDUCAÇÃOnews | As crianças é que estão sem limites ou os pais das crianças?
Atualmente, ouvimos muito sobre “esta geração” estar impossível, estas crianças já nascem terríveis, sabendo tudo, querendo tudo, já nascem sabendo mexer no celular e completamente sem limites pelo mundo virtual, vídeos, desenhos, dentre outras tecnologias. Mas há um equívoco nessa fala sobre o descontrole das crianças e sobre nascerem “assim ou assado”. Nenhuma criança nasce terrível, sabendo mexer em celular, tablet, jogos eletrônicos ou sem limite algum. Crianças são apenas reflexos do meio em que vivem. E vivem de acordo com o que lhes é oferecido,com o que observam e lhes é ensinado.
Pode-se observar que não é essa geração de crianças que está terrível, sem limites, cheia de birras e vontades próprias, mas a geração dos pais “dessas” crianças é que está desorientada e demasiadamente ansiosa. Vê-se pais eternamente insatisfeitos, porque nem tudo pode ser da maneira que querem, mudam de ideia a qualquer momento, sem se importar se a criança ficará feliz ou infeliz e, se não for como querem, batem o pé como donos da razão. Há muitos pais fazendo crianças de fantoches para satisfazer seus próprios egos ou para satisfazer seus caprichos. A maioria não “ouve seus filhos” e quando se fala em “pais que não ouvem seus filhos”, são aqueles incapazes de perceber que eles também sinalizam algo através de seus comportamentos, muitas vezes inadequados e, até mesmo, crianças pedindo socorro, mas passam despercebidas, por quê? Porque seus pais estão mais preocupados com a escola de metodologia mais rigorosa, com a que tem mais atividades e com atividades extras. Preocupam-se demasiadamente com a faculdade que, mais tarde, o filho vai cursar, com o sucesso financeiro. Observa-se pais trocando seus filhos de escola,como se fossem bonecos que não têm sentimentos, que não têm direito de opinar ou dizer se estão felizes naquele ambiente, pais que não conseguem perceber o desenvolvimento do seu próprio filho e desta forma querem sempre mais.
Famílias e escolas estão doentes e a culpa é de quem? Das crianças? Será que podemos e devemos culpar as crianças e adolescentes? Não, não podemos, pois como mencionado acima: crianças são o reflexo do meio em que vivem,conforme o que lhes é mostrado e ensinado.
Crianças estão sendo privadas do básico como brincar,construir e se conhecerem. Vê-se pais emocionalmente desequilibrados e em uma busca incessante pelo futuro, esquecendo do presente. Pais superprotegendo seus filhos e impedindo, até mesmo,que desenvolvam sua independência e autonomia. Não esqueçam que crianças precisam ter responsabilidade e independência. Mas cuidado com essas responsabilidades. Não esqueça que criança precisa de rotina, mas também precisa brincar, precisa de responsabilidade, precisa aprender, mas precisa brincar e uma das melhores formas de aprender, é brincando. Isso é comprovado!
Não ache que a tecnologia é a cura para o tédio do seu filho, que o excesso de atividades também o seja. A cura para o tédio é você deixá-lo ser ele mesmo, deixá-lo brincar, expressar suas vontades, mesmo que não estejam de acordo com o que você queira, ao menos ouça. Deixe-oaprender de acordo com a sua faixa etária, maturidade e maturação. Não o atropele como um trator, sem que ele mesmo entenda o que está acontecendo. Outro ponto que tem chamado bastante atenção é o fato de os pais protegerem excessivamente seus filhos das frustrações. Crianças precisam se frustrar para que, mais tarde, na fase da adolescência e até mesmo na fase adulta não sofram um grande impacto, assim, não sabendo lidar com esse tipo de sentimento, o que pode se transformar até mesmo em depressão. Vê-se um aumento assustador de jovens depressivos, sem entender a sua própria vida, chegando ao suicídio.
“Nunca os jovens tiveram um raciocínio tão rápido e, ao mesmo tempo, jamais tiveram emoções tão frágeis e desprotegidas! E isso é uma das causas que leva a infeliz estatística dos suicídios entre jovens”, diz Augusto Cury em seu livro “20 regras de ouro para educar filhos e alunos”.
Outro trecho que chama muita atenção do livro citado acima, é: “Quantos alunos não desenvolvem gravíssimas crises emocionais no Japão, na China, nos Estados Unidos, no Brasil, por não serem os melhores da classe? Alguns se matam, sem saber que é possível ser o número dois, três, dez, com dignidade. Sem saber ainda que nem sempre os melhores da classe serão os maiores profissionais, empreendedores, cientistas. Porque suas escolas estão doentes, não ensinam técnicas básicas de gestão da emoção, e eles se cobram e se culpam em demasia, são carrascos de si mesmo.” E isso tudo acontece com a permissão dos pais, o que é pior. Os próprios pais buscam isso para seus filhos.
Ainda Augusto Cury, diz, que o ranking de escolas pode ser positivo, que se deve estimular o aprendizado, a ousadia, o desafio, mas jamais devemos deixar de contemplar as habilidades socioemocionais como altruísmo, generosidade e empatia.
Nunca se viu pais tão ansiosos e filhos tão agitados. Precisamos trabalhar o socioemocional destas crianças,para que muitas questões percebidas no presente sejam resolvidas e não estraguem o futuro.
Renata Cyríaco é Professora, Fisioterapeuta, Gestora Escolar, Especializada em Educação Especial e Inclusiva, pós-graduanda em Psicopedagogia Institucional e Clínica e Coach Infantil. Para qualquer dúvida, entre em contato: WhatsApp (21) 98052.0800 E-mail: recyriaco@gmai.com Instagran: renatayriaco_coach_infantil Facebook: Educadora e Coach Renata Cyríaco.