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Frederico Ramos - Psicólogo

PSICOnews | O Monge e a Caverna


Quantas vezes a vida nos joga no fundo de uma caverna fria e escura, minando nossas esperanças e pouco a pouco todas as nossas forças vitais? Quantas vezes ficamos descrentes de nós mesmos, funcionando apenas como se estivéssemos em uma espécie de "piloto automático"? Quantas vezes desistimos de olhar o horizonte reluzente e preferimos nos voltar para a cadeira da queixa, como se isso fosse resolver todos os problemas? Quantas vezes tivemos aquela angustiante sensação de ter nadado muito e ter morrido na praia? E quantas perguntas seríamos capazes de reproduzir aqui na analogia ao fato ocorrido na última semana com os meninos na Tailândia, jogadores do time Javali Selvagem?

Um monge, um grupo de jovens adolescentes, uma tempestade, uma caverna e um grupo de anjos mergulhadores. Todos ao mesmo tempo unidos pela circunstância do acaso, impulsionados pela força da natureza e em busca da vida. Uma vida, mesmo que escura, sombria e quase sem nenhuma esperança.

O cenário foi uma grande oportunidade para reflexão e principalmente para o exercício do que é talvez o mais difícil para todos nós meros mortais. Conhecer a si mesmo e suas próprias limitações!

Como não lembrar também do importante Mito da Caverna de Platão, pensamento fundamental para a busca do conhecimento, para a construção das verdades e das inúmeras realidades que somos capazes de experimentar?

A figura do herói é o retrato muito fiel daquilo que acontece em nossas vidas. Pois somos quase que condicionados a imaginar a solução dos problemas como se para tudo houvesse uma forma simples e menos desgastante de resolvê-los. Apesar de nos habituarmos com o sofrimento, não tenho dúvida que aqueles meninos conheciam mais intimamente o real sofrimento, em suas rotinas marcadas pela disputa de território, por um governo autoritário e pela real privação daquilo que é essencial para o indivíduo humano. A liberdade!

Embora tenhamos incontáveis formas de interpretar o triste episódio, uma coisa é fato! Tivemos naquela situação um retrato quase que perfeito das nossas vidas, e uma grande oportunidade de repensar nossas escolhas, em nossas atitudes e na maneira como estamos nos relacionando com o mundo e com o outro.

Nos tornamos mais fortes quando unimos nossas forças com o outro. Criamos assim um elo de liga densa, capaz de enfrentar todas as tempestades, mudanças e as perdas, muitas vezes necessárias para nosso crescimento interior em busca da temperança e da maturidade que costuma nos aguardar em momentos mais altivos da vida.

E lá no fundo da caverna fria e escura, cercada de água, o monge mostrou ao mundo que somos capazes de irmos além, e que somos e podemos muito mais do que imaginamos quando capazes de olhar para dentro de nós mesmos, tomar a rédia da ansiedade e do auto-controle. Apaziguar os pensamentos, diminuir a nossa pressão interna, controlar a respiração, manter o imunológico forte e atingir o equilíbrio sem jamais perder de vista a esperança e a fé na vida, independente daquilo que você acredita.

E assim fica a lição. Quando somos capazes de esperar positivamente sem adentrar o desespero e ao caos do mundo externo, nossos pensamentos tornam-se capazes de evocar todos os anjos do universo, mesmo que estes estejam sob a forma de meros mergulhadores ingleses.

Nossa mais sincera e comovida homenagem ao anjo mergulhador tailandês desconhecido que doou sua vida fazendo o bem sem saber a quem.

Parem, pensem, reflitam e meditem.

Beijos e até breve!

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