CINEnews | Efeitos Especiais – Parte 1: História e Tipos Principais
Quem nunca ficou abismado com os efeitos especiais utilizados em um filme? Com a capacidade que seus personagens têm de fazer, basicamente, qualquer coisa? Voar, eles podem. Viajar no tempo, também. Tudo é possível e essa falta de barreiras leva nossa imaginação longe e nos imerge ainda mais nesse mundo fantástico que é o cinema.
Sem esses efeitos, muitas das cenas improváveis que nos parecem tão reais nas telonas seriam impossíveis de serem realizadas, e é por isso que este recurso se torna cada vez mais importante e utilizado.
Filmes de ação, de heróis, e de terror garantem juntos, as maiores bilheterias do cinema; estes gêneros talvez não fossem tão rentáveis assim sem a ajuda do nosso tema da semana. Hoje, falaremos sobre uma parte mais técnica da sétima arte e seus primórdios, tipos, além de, claro, alguns exemplos no meio do caminho. E aí, está pronto para embarcar nesta aventura?
Como tudo começou
Conforme mencionado aqui, George Méliès foi um nome muito importante para a história do cinema. Com ele começaram os primeiros filmes coloridos e os primeiros filmes a utilizarem efeitos especiais. Durante as filmagens de uma de suas obras, a máquina emperrou. Ao conferir o resultado do que tinha sido gravado mais tarde, percebeu que a parte em que tinha “travado”, fazia com que os atores sumissem da cena. Assim, ele descobriu e utilizou o primeiro efeito de que se tem notícia: o de fazer objetos e pessoas desaparecerem. Muitas outras técnicas foram ainda desenvolvidas por Méliès: Perspectiva forçada, miniaturas, exposição múltipla, pinturas de fundo (matte paint), stop motion e o primeiro animatronic que se tem notícia. Por essas e por outras, ele é considerado o pai da Ficção Científica e “Viagem à Lua” o primeiro filme do gênero.
Depois dele, temos Edwin S. Porter que inspirado por Méliès e utilizando algumas de suas técnicas (como a dupla exposição e o matte painting), criou os primeiros filmes de temática realista. Seu filme mais famoso foi O Grande Roubo do Trem de 1903, um dos pioneiros no estilo western. Este curta, pode ser considerado inovador em muitos aspectos: foi o primeiro a utilizar bonecos como dublês dos atores, a filmar em ambientes externos e locais variados, a movimentar a câmera a fim de capturar ângulos diferentes, a utilizar zoom e, utilizando a técnica matte painting, a qual explicaremos mais a frente, inserir uma imagem em movimento em segundo plano, sendo vista pela janela da cena em primeiro plano. Além disso, ele criou algumas tradições “comuns” em filmes do gênero: como os tiros que forçam uma pessoa a dançar, perseguições a cavalo e um grande tiroteio final. Ficou curioso? Confira o filme abaixo:
Nos anos que se seguiram, tivemos a evolução da maquiagem e utilização do filme negativo para criar efeitos fantasmagóricos em Nosferatu (1922); a criação do impressor óptico DeVernon Walker, que permitia a combinação de efeitos especiais com ação ao vivo, e a utilização da técnica stop-motion no filme O Mundo Perdido (1925); a utilização de maquetes e técnicas de perspectivas para representar cidades, ambientes e seres muito grandes, e o processo Schüfftan, que empregava espelhos para inserir atores nos cenários em miniatura, no longa Metrópolis (1927) – inclusive este, um grande clássico do cinema e marco no expressionismo alemão, que impressiona até hoje por suas técnicas avançadas e enredo tão interessante e atemporal. Fica aqui a dica de um bom filme para assistir.
E assim, foram criados novos efeitos, como o da invisibilidade total, no longa O Homem Invisível (1933) e outros, como o da cor nos filmes, foi aprimorado, como no longa O Ladrão de Bagdá (1940), primeiro longa de que se tem notícia que usou um filme colorido.
O processo utilizado em O Ladrão de Bagdá era trabalhoso e custoso. Utilizava-se um processo da Technicolor de três tiras de filmes: primeiramente filmava-se o objeto sobre um fundo azul, por ser a cor que mais se difere dos tons de pele e também pelo fato do azul gerar menos grão; depois, usando os negativos da Technicolor, eles criavam uma silhueta em torno do objeto. Então, usava-se uma impressora óptica para remover o fundo azul, e a silhueta para remover o objeto do fundo. Por fim, refilmava-se a união dos dois filmes resultantes e tinha-se uma imagem colorida.
Quais são os tipos de efeitos especiais?
Basicamente, os efeitos especiais podem ser divididos em três tipos: efeitos sonoros, efeitos mecânicos e efeitos visuais.
Efeitos Sonoros → são aqueles produzidos digitalmente ou com auxílio de uma mixagem de som, como por exemplo, buzinas altas, portas batendo, barulho do vento e etc. Geralmente, o setor responsável por estes é a Sonoplastia.
Efeitos Mecânicos → também chamados de físicos, são os obtidos por meio de filmagens ao vivo, com o auxílio de maquiagens, sets especiais, pirotecnia e outros adereços importantes. Podemos citar como exemplos o robô R2-D2 de Star Wars e os efeitos de gravidade zero no filme 2001: Uma Odisseia no Espaço.
Efeitos Visuais → também chamados de ópticos, consistem na manipulação de uma imagem fotografada ou vídeo capturado. Estes podem ser produzidos de forma fotográfica (por meio de impressão ótica - dispositivo que consiste em um ou mais projetores de filme, mecanicamente ligados a uma câmera de cinema. Este aparelho permite aos diretores de cinema re-fotografar uma ou mais partes do filme) ou visual (que utiliza-se de Computação Gráfica). Como exemplo temos o filme: Avatar.
Para efeitos visuais simples como “fade in”, “fade out”, dissolvimentos e sobreposições, a forma fotográfica mostra-se como excelente opção.
Na próxima semana, explicaremos os termos técnicos aqui citados e apresentaremos a vocês, termos comuns nesse meio, como CGI, Slow Motion, Stop Motion, dentre outros. Não percam!