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Marluce Rosa - Prof. Yoga

YOGAnews | Mas afinal, o que é Yoga?


Ouvi certa vez de um professor em um retiro que o “Yoga é para todos, mas nem todos são para o Yoga” e em meu cotidiano venho meditando essa frase e me propondo a refletir os valores do estilo de vida em Yoga para essa nossa pós-modernidade. Acho que como nunca o Yoga se faz tão necessário. Com o avanço da tecnologia, com a falsa sensação de segurança, afeto atrás de um celular ou computador, definitivamente vamos nos distanciando do contato humano, do abraço afetuoso, do telefonema inesperado, do bilhetinho de feliz aniversário. Hoje, resumimos as nossas conversas com os “emotions”dos celulares. Respondemos perguntas com carinhas, dedões para cima, dedões para baixo. Nada contra a tecnologia, porém como tudo na vida exagerado, esbarramos nas polaridades - ou estamos totalmente fora da tecnologia, com aversão a essas comunicações virtuais, ou estamos totalmente entregues as redes sociais fazendo cada vez mais esforços em obter curtidas e aprovações externas. Percebo, muitas vezes, que criamos “avatares” de nós mesmos no campo virtual.

O Yoga nos convida a integrarmos de fato o que sentimos, pensamos e fazemos. O Yoga, enquanto ferramenta de Autoconhecimento nos aponta um caminho prático pela via corporal de acolhermos a nossa verdadeira natureza e estarmos em comunhão com o sentir, pensar, falar e fazer. Assim, iniciamos um papo reto, primeiramente com nós mesmos. Sabe, àquela pergunta básica que começamos a fazer quando entendemos que viemos ao Planeta Terra não apenas para trabalhar, ganhar dinheiro e consumir? Àquela pergunta, que algum momento em nossa vida faremos:qual é o sentido dessa existência? Sei da minha finitude enquanto matéria, mas o que eu posso fazer para além do intervalo de nascimento e morte que me trará a certeza que vale a pena seguir na jornada apesar do trânsito caótico, apesar das guerras, apesar do cenário político, apesar da falta de grana, apesar da morte de um ente querido, apesar... O que faz você ter a certeza que vale a pena seguir apesar dos pesares?

Bom, depois desses verdadeiros questionamentos começamos de fato, a vivermos no e o momento presente. Começamos em nossa vida a separarmos o supérfluo do essencial, onde o Yoga mais uma vez nos oferta ferramentas e valores para não mais permitirmos os pensamentos acelerados - estamos em um grupo de amigos almoçando, com outro grupo no Watsapp conversando epensando no que vamos fazer depois de almoçar. Definitivamente, estar presente no momento presente se transformou em algo raro. Chegamos ao final do dia com esses pensamentos acelerados afetando drasticamente a qualidade do nosso sono e tantas vezes a qualidade de nossas escolhas. A prática do Yoga é o oposto: é estarmos vigilantes em nossas ações (asanas) e mantermos a nossa mente ali presente em cada pranayama, em cada relaxamento, em cada meditação. Pelo corpo, onde habita o nosso espírito, vamos criando intimidade com nós mesmos, nos lapidando enquanto unidade. Não existe o que está fora, passamos a entender que tudo está dentro. E assim, a jornada em Yoga se inicia. Vamos de fato saindo do campo das ideias e caminhando no Autoconhecimento. No campo prático ornando o sentir, pensar, falar e fazer.

Agora, podemos começar a falar em atenção plena. Em atenção direcionada ao momento presente. Esta habilidade lapidada pelo Yoga, nos trás uma qualidade nas relações humanas e nas nossas tomadas de decisões, pois não somos mais àquela pessoa reativa, quase obrigada a dar respostas para tudo e para todos. Com a atenção plena, temos a consciência do que é nosso e o que é do Outro. Não mais nos fundimos nas nossas relações, não mais temos a necessidade exagerada em expor nosso ponto de vista, em dar conselhos, em dizer o que seria bom para o Outro. Com um nível maior de consciência, nos aproximamos do Outro acolhendo e acomodando de fato suas escolhas e tomadas de decisões. Passamos a entender e aplicar os valores do Yoga e de fato nos liberamos para ser quem somos em essência e naturalmente liberamos também o Outro para ser quem ele desejar ser em essência. De fato, o estilo de vida em Yoda é libertário e amoroso. Desta forma, vivemos a transitoriedade e a impermanência dos objetos, fatos, pessoas e de nós mesmose assim, vamos amadurecendo emocionalmente e espiritualmente para vivenciarmos apenas o momento presente e não mais tentando “conquistar” a tal felicidade, mas sim, um estado genuíno de santosha (contentamento).

“Enquanto não ocorrer uma transformação profunda na filosofia de vida, é ilusória ou superficial a chamada cura. Ter-se-á somente a remissão efêmera dos sintomas alarmantes. É preciso mudar ideais, sentimentos, motivos e filosofia de vida.” - Professor Hermógenes

Vamos seguindo! Namastê.

Marluce Rosa (CREF 028352- G/RJ), Profissional de Educação Física, Pedagoga especialista em Psicomotricidade, Hatha Yoga, formanda em Yoga Nidra, Meditação, idealizadora e coordenadora do Espaço Lumarce Yoga (@yogalumarce)

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