PSICOnews | Êxito ou Sucesso?
Nosso exercício de hoje consiste em pensar de maneira simples e direta nessas duas palavrinhas bastante comuns da língua portuguesa. Êxito e sucesso.
Apesar de sinônimas no sentido mais literal, ou seja, na representação de uma espécie de resultado final, consequência, efeito ou qualquer resultado positivo e gratificante, cabe aqui ressaltar que tanto uma como a outra também podem agregar algumas diferenças muito importantes.
Vários escritores preferem utilizar a palavra êxito no lugar do sucesso. E é justamente por isso que aqui estamos, mais uma vez ouvindo as entrelinhas e tentando costurar uma possível interpretação para o fato.
Antes de irmos direto ao ponto, vamos considerar duas recentes gerações oriundas da década de 1990, e que foram marcadas pelo avanço tecnológico, juntamente com o advento da globalização e da internet.
Ao compararmos as gerações anteriores a este período, vamos encontrar fatos bastante curiosos. Entre eles a constatação de que a imersão tecnológica pareceu conferir uma certa passividade dos jovens de hoje perante os desafios reais e mais concretos da realidade, como por exemplo na busca de um lugar ao sol ou da tão sonhada independência financeira. As gerações Y e Z
Se de um lado dispomos de recursos aparentemente mais poderosos para a comunicação, corremos o risco de regredir na habilidade de agir e reagir na elaborada complexidade da relação humana. Creio que muitos de vocês já tenham inclusive conhecido a expressão: "inteligência relacional", como mais um tipo de chamariz para o vorazes leitores do gênero.
Em contraponto a isso, temos a observação das mais antigas gerações, principalmente aquelas dos anos 80, sempre pressionadas e estimuladas ao exercício do comportamento pró-ativo, na eficiência acima de qualquer suspeita e do constante estímulo à agressiva competitividade.
Um dos resultados disso tudo foi o crescimento em larga escala da geração Prozac e dos famosos inibidores de serotonina, dando origem a uma grupo de jovens adultos depressivos e com enorme potencial para o desenvolvimento de doenças mentais e de cunho psicossomáticas.
Tendo isso como base, já podemos fazer uma distinção entre nossas duas palavrinhas: êxito e sucesso.
Parece mais evidente portanto que a palavra êxito consiga agregar um certo teor de maior coerência para pensarmos na construção de um ideial e de um projeto de vida, tijolo por tijolo, na idéia de passo a passo, ou de subir um degrau de cada vez. Isso significa, acima de tudo, cumprir uma etapa por vez sem cair na tentação de queimar uma delas, e acabar inutilizando uma vida e uma carreira.
Não tenho claro para mim nesse momento se as mais novas gerações possuem ainda essa habilidade de saber esperar o tempo de maturação de algumas coisas para atingir um objetivo. Como por exemplo, em analogia, ter a disciplina e a perseverança de regar um mesmo jardim todos os dias para poder colher flores e frutos no futuro. Creio que estejam massacrados pelo mais urgente desejo de colher resultados rápidos e imediatos. Doce ilusão!
E é justamente aqui que podemos incluir o termo sucesso para exemplificar esse fenômeno.
O desejo quase que irracional de ter reconhecimento sem ser reconhecido, de ter fama sem ser famoso, de ser rico sem ter enriquecido e o desejo de encontrar o pote de ouro no fim do arco-iris. Em suma, o desejo de achar o sentido da vida.
Não é a toa que este sentido pareça estar cada vez mais longe do pensamento da maioria.
E para finalizar, deixo aqui uma famosa frase do grande mago do cinema e da comunicação, Charles Chaplin e que resume bem a nossa coluna: " A persistência é o caminho do êxito!"
Amor, paz, êxito e um "bom sucesso" para todos!