CINEnews | S.T.F.U. - Surpreendente, aTerrorizante, Forte e Único
O silêncio pode ser a principal trilha sonora de um filme. Isso é raro, mas conforme comentamos aqui, é algo possível de acontecer. O filme que falaremos nesta semana, já começa inovando por aí: a música é um complemento, o silêncio é a estrela principal.
Um Lugar Silencioso é um filme bastante inusitado em vários aspectos, temos a estreia de John Krasinski como diretor e roteirista, um enredo diferenciado onde o barulho é o principal “vilão” do filme e, nele também, vemos pela primeira vez John e sua esposa, Emily Blunt, atuando juntos.
Você provavelmente conhece Krasinski por seus papéis em Licença Para Casar (2007), Distante Nós Vamos (2009) e por interpretar Jim Halpert na série The Office. Aqui, ele vive Lee Abbott, patriarca da família, que junto com sua esposa Evelyn e seus filhos Marcus e Regan, tentam sobreviver em um futuro pós-apocalíptico a um ser assustador. Para tal, eles devem permanecer em silêncio total, sem produzir o menor som, já que o contrário atrairia a criatura misteriosa e aterrorizante e acarretaria consequências desastrosas.
O filme desde o começo tem uma proposta bem simples: a sobrevivência em condições hostis. Com algumas cenas chocantes, ele passa a realidade necessária do que realmente aconteceria em uma situação como aquela, não há romantizações nem amenizações. Inclusive, este é um ponto onde o filme merece ser elogiado: ele realmente insere o espectador em seu universo e consegue atar muito bem todos os nós a que se dispõe.
É daqueles filmes que, realmente, torna difícil a tarefa de encontrar falhas. Claro que vemos um errinho aqui outro ali de continuação, uma mancha que era pequena se torna grande, uma sujeirinha que estava do lado esquerdo e agora está do direito, mas, fora isso, nada muito grave ou que impacte o desenrolar da película. Talvez o ponto um pouco mais desconexo para mim, tenha sido uma cena em que pai e filho estão na floresta e encontram um senhor de idade que acaba de perder a esposa e ele grita, a meu ver, a cena ficou um pouco “jogada” e sem muito propósito, já que aparentemente não agregou nada de importante ao longa.
A demonstração do dia a dia da família, as técnicas que eles utilizavam para não fazer barulho, e o que acontecia quando infelizmente o faziam, foi também algo bastante interessante de se assistir. Também merece ser destacado aqui a questão do ‘ser’ que os persegue, o mistério de seu surgimento e como a situação chegou a esse ponto; fatores que despertaram a curiosidade do espectador e que, com certeza, podem render novos filmes à franquia.
Questões que rondavam nossa cabeça, em frente a um enredo tão interessante e diferenciado foram sanadas: Como os sobreviventes lidam com a dor em silêncio? Eles realmente só podem se comunicar por sinais? Existem outros humanos? Contudo muitas outras surgiram e, sinceramente tudo bem, já estamos ansiosos mesmo por uma continuação, quanto mais material, melhor!
As atuações também estão impecáveis, muito pertinente os atores aprenderem e se comunicarem utilizando a linguagem de sinais, isso prova o cuidado com que o elenco foi escolhido. Uma das cenas em específico, onde Emily foge da “criatura” é uma das mais fortes, e é uma verdadeira aula de atuação.
O filme recebe 4 pipocas devido à criatividade do roteiro, ao tom muito acertado do enredo e ao belíssimo trabalho de John Krasinski na direção e roteiro do longa. Prepare-se para ter a atenção (e também a respiração) presa até o final, é impossível dormir ou ficar entediado, instigante, um filme de suspense com S maiúsculo, como há muito não tem sido feito.