GESTÃOnews | Crivella ao invés de “pastorear” deveria estar “prefeitando”
Diversas são as versões sobre a teoria do “Bode na Sala”. Mas, em síntese, elas retratam uma única situação: Cria-se um enorme problema e ao transformá-lo em um problema menor as pessoas agradecerão pela ajuda recebida, ou seja, agora é somente um “probleminha”...
Cita-se muito essa teoria em administração e nossos governantes são os maiores sábios em sua utilização. Para ilustrar, umas de suas versões: "Um velho lavrador tinha um bode “catinguento” que ele queria que passasse a dormir na varanda para ficar protegido das chuvas noturnas . Quando ele se aproximou da casa com o bode amarrado em uma corda, mesmo sem saber qual era a sua intenção, toda a família começou a discutir com o velho por causa do mal cheiro que o animal exalava mesmo de longe. Todos queriam vê-lo o mais distante possível da casa. Diariamente, assim que entardecia, a mesma discussão se repetia quando ele caminhava para a casa trazendo o bode amarrado. Em determinada tarde o velho trouxe o bode, colocou-o na sala e disse que a partir daquela data todas as noites o bode dormiria na sala e quem não estivesse satisfeito que fosse dormir fora da casa sujeito as chuvas noturnas. Na primeira noite foi um mal estar geral. Ao amanhecer a esposa do velho, que era a maior inimiga do bode, faz uma proposta ao velho: “Por que você não o coloca para dormir na varanda?"
Nesses últimos dias você deve ter assistido em diversas TVs, jornais e rádios a divulgação dos absurdos aumentos de IPTU na cidade do Rio de Janeiro, que foram comandados pelo “Pastor Crivella”, aquele que deveria ser o “prefeito” da Cidade Maravilhosa.
Vi exemplos de IPTU que passaram de R$150 para R$3.200 (mais de 2000% de aumento), outros que dobraram, triplicaram ou quadruplicaram o valor.
Esses casos são os “bodes expiatórios”, no nosso caso o “bode na sala”, colocado por aquele que ao invés de “pastorear” suas ovelhas e bodes deveria estar “prefeitando” uma cidade.
Por força desses “bodes colocados na sala” acabei incluindo no meu orçamento doméstico um valor 70% a maior que o IPTU que paguei no ano passado, para fazer frente a essa despesa em 2018. Meu IPTU de 2017 foi de R$829,56. Agora, em 2018, veio com o valor de R$955,76.
“Feliz surpresa” a minha quando vi que o aumento de meu imposto foi de “somente” 15,21%. Ou seja, com uma inflação anual abaixo de 3%, eu fiquei “super satisfeito” em pagar um aumento “tão pequeno” de apenas 15%. Em resumo, 70% seria “na sala”, 15% é “na varanda”.
Viram como a teoria funciona na prática?
Valcir Ramos é Economista, pós-graduado em Adm. Financeira pela FGV-RJ, Consultor/Coach na VRamos Consultoria Planejamento Estratégico e Gestão
www.vramosconsultoria.com.br / (21)98106-8974