YOGAnews | Yoga e Psicomotricidade: uma intervenção psicopedagógica
Olá! Mais um papo por aqui e com a certeza que cada vez mais a distância cultural do Yoga vai diminuindo e vamos criando pontes com outros saberes. E hoje, vou tentar trazer um pouco das possibilidades do Yoga com a Psicomotricidade no ambiente escolar. Estive no cenário de escolas particulares e públicas, com bebês, jovens, adultos e digo sempre: em todas as faixas etárias o universo lúdico, o universo corporal nos aponta uma grande ferramenta de atuação pedagógica. Pois é pela via corporal, pelas experimentações corporais que vamos engramando experiências vivenciadas e construindo o nosso repertório psicomotor de base para um amadurecimento psicológico saudável. Pois, mente e corpo não são dissociáveis. Somos nossa mente e o nosso corpo. No nosso atual cenário educacional temos espaço para o corpo? O nosso modelo educacional tem apropriação dos valores psicomotores integrados ao cotidiano escolar? Se somos seres sistêmicos, como podemos aprender de forma fragmentada os conteúdos escolares? Observe o funcionamento do nosso corpo: todos os nossos sistemas (respiratório, digestório, circulatório) funcionam de forma integrada. E tem que ser assim! Pois um influencia no funcionamento do outro. E o aprendizado é assim: cada “disciplina”pertence de certa forma a um sistema de saberes importantes para o desenvolvimento do aprendiz. E por que separamos esses saberes por disciplina? Deixo essas perguntas não com o objetivo que elas sejam respondidas, mas que possamos valorar esse corpo que chega à escola com toda a sua linguagem tônico emocional nos trazendo de forma não verbal seus afetos e desafetos. E é a partir daí, desse corpo subjetivo, que nasce um trabalho verdadeiramente Psicopedagógico.
Dentro dos valores do Yoga não existe separação do Eu para o Todo. O conceito é que somos seres únicos, porém integrados em um Todo Universal que é Samadhi. Não existe solidão. Existe o prazer de ficar consigo mesmo e o prazer da partilha entendendo e vivendo a transitoriedade da existência. O Yoga verdadeiramente integrado em nossa viver, e até como base para um Projeto Político Pedagógico nos aponta uma verdadeira revolução educacional. Isso!!! Com o meu aprofundamento teórico vivencial com o Yoga, percebi valores universais que no cotidiano escolar são poucos (ou quase nunca) trabalhados como apropriação cultural para irmos caminhando para um fortalecendo de valores enquanto nação. Essas sensações psicomotoras que o Yoga nos faz perceber de forma vivida, sentida, pensada, elaborada na partilha do grupo se tornam aprendizados reais. Certamente, esse aluno, que vive o que aprende, aprende mais e melhor. E outro dado que percebo do trabalho psicomotor integrado ao Yoga é o conceito do valor da Compaixão. Entendo, que hoje em dia, falamos muito em empatia. Mas ainda assim empatia trás o conceito do bem de forma moral. Eu tenho que me colocar no lugar do Outro, pois eu tenho que ser empático. Esse “eu tenho que” já nos aponta um querer social... E não um querer real. Quando o Yoga nos trás a Compaixão como um valor, nos trás o composto espiritual no lugar do componente moral que é a empatia, pois empatia é uma capacidade psicológica e não um amadurecimento espiritualizado da vida, da existência. Futuramente, podemos até abordar mais profundamente sobre empatia (dados apontam que algumas profissões que é exigido muito de seus funcionários essa capacidade psicológica, existe em grande adoecimento emocional) e compaixão.
A Psicomotricidade Aucouturier nos mostra uma terminologia e ação frente ao trabalho escolar que é a DESCENTRAÇÃO:“ação educativa que pretende ajudar a criança a sair de um sistema de referências centrado nela mesma, a partir de seu sentir, para se descentrar, quer dizer, se dissociar do que é ela e daquilo que pertence ao mundo externo.” Bom, no Yoga apontamos esse amadurecimento psicológico dentro do Niyamas(atitudes que o praticante de Yoga deve ter consigo mesmo) como Pratyahara(abstração do universo externo). Para um amadurecimento psicológico saudável (quando digo saudável, digo sem comportamento projetivo em excesso na vida) necessitamos, desde educação de base, entender quem sou Eu e quem é o Outro. Desta forma, vou apropriando mais conhecimento de mim mesmo, gerenciando o Autoconhecimento dentro da escola (por que não?) já que aprendemos a história de tantas pessoas, de tantos países, lugares, mas, infelizmente, esquecemo-nos de um momento dentro da “grade escolar” de oportunizara nossos alunos e professores a partilha de suas próprias vidas, próprias histórias... E é só acolhendo a nossa própria história, a nossa própria existência, que conseguiremos enquanto sociedade, acolher a história do Outro e a viver de fato em Compaixão.
“Cintilante é a água em uma bacia; escura é a água no oceano. A pequena verdade tem palavras que são claras; a grande verdade tem grande silêncio.” RabindranathTagore
Vamos seguindo! Um abraço.
Profª. Marluce Rosa é idealizadora do Espaço Lumarce Yoga, Pedagoga, Psicomotricista, Profª. de Educação Física, Yoga e Motociclista. Contatos: Watsapp: 99343-8895 Facebook e Instagram: @yogalumarce