COMBATEnews | Priscila Cachoeira Pedrita: A menina de Jardim Bangu que superou as drogas e chegou ao
Contribuição: Fernando Rudnick - Gazeta do Povo
Antes de ser contratada pelo UFC, foram quatro vitórias por nocaute — outras quatro por decisão dos juízes, sempre em torneios de pequeno ou médio porte no cenário nacional.
Essa semana ‘Pedrita’ coroou seu esforço e empenho na academia PRVT, em Niterói, ao estrear na recém-criada categoria peso-mosca (até 57 kg) do maior evento de artes marciais mistas do mundo. Ser contratada por essa organização foi uma linda e merecida virada na vida da atleta de Jardim Bangu.
Entre os 16 e 23 anos, Priscila viveu na tristeza e sofrimento do mundo das drogas. Entrou na “curtição” ao experimentar maconha com amigos, mas se afundou na cocaína e depois no crack. “Quando fui ver, estava muito fundo no poço. Não conseguia mais sair. A luta me resgatou. Me deu vontade de viver novamente, me fez sonhar novamente”, afirma a lutadora, que conheceu o MuayThai, apenas quatro anos atrás. “Se pudesse, voltaria no tempo e faria tudo diferente”, completa Pedrita.
A rotina era decadente. Acordava, comia e saia de casa para comprar drogas. “Minha mãe dava dinheiro para me drogar e eu não entendia o porquê. Depois que fui resgatada, ela me explicou que não queria que eu chegasse ao ponto de me prostituir, nem roubar”.
Hoje companheira da paranaense e atleta consolidada no UFC Jessica Bate-Estaca na PRVT, Pedrita recorda o momento em que chegou ao fundo do poço. “Fiquei no mato por três dias me drogando, sem banho, só me drogando. Era tipo uma cracolândia. Eu queria ir embora, mas não conseguia. Não tinha força nem para andar”, relata.
Não fosse a persistência da mãe o destino de Priscila hoje certamente não seria o UFC. Depois de encontrada naquela situação deplorável, a menina voltou para casa e começou a mudar o jogo. Priscila procurou uma academia perto de casa. Foi convidada para fazer uma aula grátis de MuayThai, modalidade que havia praticado na adolescência. Tudo mudou a partir daquele momento. “Fui fazer um sparring com a melhor menina que tinha lá. Cai na porrada, virei num helicóptero que só e bati na menina. Aí o professor perguntou se eu queria ser lutadora. Falei: ‘só quero largar as drogas, me ajuda?'”, recorda.
O esporte estava na veia da lutadora desde cedo. Dos dez aos 16 anos, ela jogou vôlei pelo Fluminense. Porém, uma decepção a tirou do rumo certo. “Me dedicava muito, mas acabei me frustrando quando me deixaram fora de uma partida em que o técnico da seleção brasileira de base iria me observar. Me colocaram no banco por alguma ordem superior. Foi uma rasteira em mim”, fala.
Abatida, a garota largou o vôlei depois do incidente. Depois, com as companhias erradas, foi atraída pelas drogas. Agora no ultimate, Pedrita quer usar a própria história de superação para perseguir seus sonhos. E também para ser um exemplo de que nunca é tarde se levantar. “Sempre lembro do meu passado. Me dá forças. Meu filho também me dá forças para vencer. Já fui tão frustrada que nada vai me abalar nesse caminho”, diz a atleta que está na PRVT, do mestre Gilliard Paraná, há cerca de um ano. “Quero chegar ao cinturão do UFC. É uma escada. E o cinturão está onde quero chegar, no topo. Quero ser a número um”.
Priscila Pedrita fez sua estreia no dia 03 de Fevereiro no UFC em Belém do Para contra Valentina Shevchenko, infelizmente não saiu vitoriosa nessa luta, algo que faz parte da vida de um atleta profissional. Temos confiança que em seu próximo desafio ela estará mais forte e reencontrará o caminho da vitória no esporte.
E assim como na vida ela superou todas as dificuldades, assim seja nessa nova jornada no UFC.
Oss!
Leandro Farias é administrador na Academia Betânia de Artes Marciais – Projeto Sobral, Praticante de Jiu-Jitsu e Capoeira, Empreendedor Social, Profissional na Gestão de Pessoas.
Iniciou essa jornada movido pela paixão pelas artes marciais e pela gratificação em pesquisar e aprender.
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