YOGAnews | Retiro: a mente como o nosso verdadeiro recolhimento
Olá! Vamos para mais um bate papo sobre os valores do Yoga e hoje vamos abordar um pouco sobre recolhimento, retiro. O significado da palavra retiro é lugar solitário, remanso, período de recolhimento. Pois bem, em seu livro O valor dos valores oSwamiDayanandaSaraswatinos aponta um questionamento que eu julgo que vale a pena ser refletido: “Por que gostar de ficar um tempo solitário deveria ser listado como um valor? Não é o afastamento do lugar que faz o valor, mas o tipo de mente que está em tal lugar. A mente que aprecia quietude e solidão é aquela que aprecia estar consigo mesma.” O Yoga nasce em uma cultura originalmente oriental, onde a contemplação, o silêncio interior, a vida meditativa estão na matriz social. Na cultura ocidental vemos o contrário: somos o tempo todo convidados a estarmos excessivamente ocupados. Como narra Osho, o caminho do meio para a natureza humana ainda é muito difícil... Ou estamos totalmente atarefados e ocupando excessivamente as nossas mentes para muitas vezes não permitirmos entrar em contato com nós mesmos, ou estamos como Zeca Pagodinho narra em uma de suas músicas: deixando a vida levar sem vigilância e presença nas ações. E é sem essa vigilância e presença nas ações que encontramos o efeito manada, tanto no deixar a vida levar quanto às 12 horas do dia dedicados exclusivamente ao trabalho sem ter tempo para gerenciar o Autocuidado real(Autocuidado não é comprar um monte de coisas para si mesmo), mas sim, perceber a necessidade de imprimir um tempo para cuidar de si mesmo colocando como rotinas diárias uma boa alimentação(sem excessos e sem carências alimentares), uma atividade física regular(uma caminhada já é muito bom), prática de Yoga e Meditação como investimento na saúde psicofísica, pois isso só nós mesmos podemos fazer por nós.
Dayananda aprofunda mais a sua narrativa sobre a necessidade desse remanso nos trazendo reflexões sobre como podemos identificar que algo em nosso viver se tornou uma fuga (seja essa ocupação a prática de Yoga, viajar, consumir, televisão, relacionamentos tóxicos, trabalho remunerado ou voluntário, sexo, drogas, dedicação à família), em fim, quaisquer atividade que estamos a realizar repetidamente se tornou uma fuga quando me percebo sem essa atividade perdida, triste ou incompleta. Dayananda claramente nos aponta:
“Aquela ocupação que deixa você se sentindo incompleto quando não pode exercê-la torna-se uma fuga.” Ele não narra à atividade por si mesma uma fuga, masa razão por trás da atividade que faz dela uma fuga. Esse é o trabalho do Yoga e da Meditação como ferramenta de Autoconhecimento em nosso viver: percebermos que não somos as atividades que executamos e os papéis sociais que representamos. O nosso Eu maior, o nosso verdadeiro Eu está quando nos permitimos estar com nós mesmos. E é só assim que podemos perceber se a nossa mente é o nosso retiro, se é o nosso verdadeiro remanso. Pois é só aí que habita Santosha, contentamento.
“Ninguém pode nos fazer infelizes, apenas nós mesmos.” (São João Crisóstomo)
Vamos seguindo! Um abraço.
Profª. Marluce Rosa é idealizadora do Espaço Lumarce Yoga, Pedagoga, Psicomotricista, Profª. de Educação Física, Yoga e Motociclista. Contatos: Watsapp: 99343-8895 Facebook e Instagram: @yogalumarce