FISIOnews | Alzheimer: saiba como lidar e aprenda dicas
A Doença de Alzheimer é um tipo de demência, caracterizada como patologia crônica progressiva, onde ocorre a perda da memória recente, comprometendo as funções cognitivas, físicas e sociais. É uma doença progressiva, ou seja, seus sintomas tendem a piorar com o passar do tempo.
Essas áreas degeneradas são as mesmas que controlam as funções da memória, concentração e cognição ou raciocínio. Estas áreas compreendem o córtex frontal, temporal, parietal e occipital, com comprometimento também do hipocampo.
Na doença de Alzheimer existe morte neuronal, não por falta de oxigenação, ou de circulação local, mas por fatores que ainda não foram determinados. Ocasiona diminuição de várias substâncias químicas, especialmente a acetilcolina, considerada a principal substância envolvida no controle da memória.
A doença de Alzheimer é a patologia neurodegenerativa mais frequente associada à idade. É uma das formas mais comuns de demência correspondendo entre 50 a 70% dos casos. A demência é uma decadência progressiva da capacidade mental em que a memória, a reflexão, o juízo, a concentração e a capacidade de aprendizagem estão diminuídas e pode produzir-se uma deterioração da personalidade.
Estima-se que em todo o mundo mais de 35 milhões de pessoas sejam afetadas por ela. No Brasil, a estimativa é de mais de um milhão e duzentas pessoas. A doença não só interfere na vida do paciente, como também a do cuidador e família.
Os familiares só resolvem procurar ajuda médica quando ocorre algum esquecimento ou confusão mais grave. Esse é um dos principais problemas, porque nessa fase o Alzheimer já começou a evoluir. demorar a identificar a doença pode complicar a situação.
Fatores de risco:
• Idade- Parece ser o fator de risco mais importante para iniciar é a idade, que funciona como um termômetro que desperta os outros fatores de risco. A Doença de Alzheimer geralmente afeta pessoas com 65 anos. • Hereditariedade- Outro fator de risco que está envolvido no aparecimento da doença é a carga genética trazida pelos familiares. • Sexo- As mulheres desenvolvem mais do que os homens na proporção de 3:2. • Traumatismo craniano- Algumas pessoas têm na sua história médica o fato de ter sofrido traumatismo cranioencefálico (TCE) meses antes ao diagnóstico de DA. • Toxicidade- A presença de alumínio encontrada nas placas senis do cérebro de alguns pacientes não caracteriza que existe uma relação direta entre seu depósito e a doença. • Síndrome de Down- Um dos subtipos de demência encontrados na doença de Alzheimer é o da síndrome de Down e, parentes de pessoas com esta síndrome, apresentam maior risco de desenvolver Alzheimer. • O baixo nível de escolaridade- Pode ser determinante para o surgimento dos sintomas do mal de Alzheimer. Pessoas com curso superior, por exemplo, têm menor risco de desenvolver quadros de demência. Além disso, os primeiros sintomas aparecem mais tarde nesse grupo em relação aos que possuem escolaridade mais baixa.
Alguns outros fatores também parecem aumentar os riscos de desenvolvimento do Alzheimer, entre eles:
• Sedentarismo; • Tabagismo; • Hipertensão arterial; • Colesterol e/ou triglicerídeos elevados; • Diabetes mellitus; • Depressão após os 50 anos de idade.
Apesar de não se conhecer as reais causas do Alzheimer, especialistas conseguem apontar condições de risco muito comuns ao pacientes afetados. Um deles é a genética, que segundo alguns estudos, alterações em genes específicos, como o APP, ApoE, PSEN1 e PSEN2, estão relacionados ao distúrbio.
Quando existe casos da doença na família, o indivíduo está mais suscetível ao desenvolvimento da condição. O que, entretanto, não torna a demência “obrigatória”.
1 – Estágio inicial
Os sintomas do estágio inicial do Alzheimer muitas vezes são confundidos com ocorrências típicas do envelhecimento, e por isso dificilmente são identificados. Alguns deles são:
• Problemas de linguagem; • Perda de memória de coisas que acabaram de acontecer; • Dificuldade em identificar as horas ou dias da semana; • Perder-se em locais conhecidos; • Dificuldade de tomar decisões; • Tristeza ou falta de motivação; • Depressão, ansiedade ou mudanças de humor; • Raiva ou agressividade inesperadas em situações comuns; • Falta de interesse em atividades ou hobbies.
2 – Estágio intermediário
Os sintomas do estágio intermediário são mais fáceis de ser reconhecidos e geralmente soam o sinal de alerta nos familiares. Veja quais são:
• Esquecimento de fatos recentes e dos nomes das pessoas; • Dificuldades em gerenciar a vida por conta própria; • Dificuldades de realizar atividades comuns (cozinhar, limpar, fazer compras); • Dificuldades para fazer a higiene pessoal por conta própria • Piora das dificuldades na fala; • Corre mais risco de se perder, em casa ou fora de casa; • Problemas de comportamento, como repetir perguntas ou gritar; • Tendência a ter distúrbios do sono; • Alucinações ou delírios.
3 – Estágio avançado
No estágio avançado a pessoa com Alzheimer tem dificuldades em praticamente todos os momentos do dia a dia, como, por exemplo:
• Não conseguir se alimentar sozinha; • Não conseguir se comunicar; • Dificuldades para reconhecer pessoas, mesmo as mais próximas; • Dificuldades para reconhecer objetos familiares; • Confusão mental, sem saber o que acontece ao seu redor; • Dificuldades de locomoção; • Dificuldades de deglutição, ou seja, engolir os alimentos; • Ocorrência de incontinência urinária ou fecal; • Perda do senso de comportamentos adequados em público; • Ficar acamada ou precisar de cadeira de rodas.
A piora do quadro do Mal de Alzheimer resulta na perda da independência e da autonomia do paciente. Como consequência, toda a dinâmica familiar é alterada para cuidar do idoso, que não pode mais sair na rua sozinho e se torna incapaz de administrar os próprios medicamentos.
Dicas em casa:
• Uma agenda de grandes dimensões, uma luz noturna, um relógio com números grandes ou um rádio podem também ajudar a pessoa a orientar-se melhor; • Para evitar acidentes nas pessoas que tem tendência para se perder, devem esconder-se as chaves de casa, do automóvel. Uma pulseira com a identificação da pessoa pode também ser eficaz; • Seguir uma rotina para o banho, para a refeição, para o deitar e para outras atividades pode dar à pessoa uma sensação de estabilidade. O contato regular com caras conhecidas pode também ser útil; • Pode ser útil o pedido de assistência a organizações de tipo social e de enfermagem. Pode existir um serviço de transporte e de alimentação ao domicílio; • Se você tem quintal em casa, é importante passear ao ar livre na própria casa, pois pode trazer uma sensação de liberdade ao idoso por estar em contato com o mundo exterior; • Organize a casa do paciente de maneira prática, coloque de forma discreta plaquinhas nomeando cômodos da casa, exemplo banheiro, quarto da filha, conteúdo das gavetas, talheres, entre outras. Desta forma o paciente que ainda tem preservado a capacidade de leitura e compreensão consegue se achar sem a ajuda do cuidador, se sente capaz e autônomo, com autoestima preservada; • Qualquer sinal de hiperemia (vermelhidão) na pele, deve merecer maior atenção, proteja a região avermelhada com hidratantes, faça massagens que irão ativar a circulação e se possível. Caso não melhore, procure atendimento médico; • A resistência ao banho é comum na doença, use a imaginação para convencer ele, invente uma história, diga que ele precisa tomar banho para retirar o óleo, caso contrário vai provocar alergia, é preciso estar preparado para ter muita paciência e criatividade. Não faça por ele. Estimule, oriente, supervisione, auxilie. Apenas nos estágios mais avançados da doença o cuidador deve assumir a responsabilidade de dar o banho; • Procure achar alguma atividade que o paciente consiga manter atenção, concentração, como assistir TV, ouvir música, leitura, passeios; • Repita tudo, sempre que ele perguntar, utilize o mesmo tom de voz como se tivesse sido a primeira vez e com todos os detalhes, alguns pacientes percebem pelo tom de voz que já fizeram a mesma pergunta e se sentem constrangidos, tenha consciência que você vai repetir a mesma informação muitas vezes; • Separe as roupas para o dia seguinte, pois isso facilita muito quem, em certas fases, perde a noção de como se vestir; • Elimine móveis com pontas ou de vidro e instale um corrimão nas escadas e no chuveiro para dar maior conforto e segurança.Retire também os tapetes escorregadios do meio do caminho, com isso pode tropeçar e escorregar. • Remova os espelhos do quarto de dormir pois pacientes com Alzheimer normalmente não se reconhecem no espelho e assustam-se com o “desconhecido” que aparece de repente; • Se o paciente recebe sua alimentação no leito, eleve a cabeceira, e ao final, inspecione a cama para remover quaisquer resíduos de alimentos que, eventualmente, tenham caído durante a refeição; • Quando no leito, procure fazer mudança de decúbito (posição) de 1/1h. • Lesões infectadas (com presença de pus), devem ser avaliadas pelo médico, ele saberá indicar qual creme ou pomada estará indicado a cada paciente, individualmente; • Independentemente da apresentação da dieta - sólida, pastosa ou líquida - deve-se, sempre que possível, respeitar as preferências do paciente. Uma pessoa que sempre gostou de comer carne, mas que já não consegue deglutir pequenos pedaços, deve ter a carne liquidificada e servida em consistência de purê. O mesmo artifício deve ser utilizado para os outros alimentos. Consulte sempre um fonoaudiólogo e um nutricionista; • Os Idosos acumulam facilmente secreções bronco-pulmonares, a oferta adequada de líquidos possibilita uma expectoração mais rápida, prevenindo infecções; • Jamais ofereça líquidos com o paciente deitado, este deve estar em posição sentada ou recostada em travesseiros. Esta medida reduz o risco de aspirações e otites (dor de ouvido); • Não se deve discutir com o paciente aquilo que ele diz ver ou ouvir, tampouco entrar na alucinação concordando com aquilo que ele vê ou ouve. Frases como: "sei que você viu, mas eu não vi", costumam acalmar e transmitem confiança; • Em uma fase mais avançada, em que o paciente fica mais deitado do em pé, é importante ter sobre o colchão normal, um colchão casca de ovo. Os lençóis devem estar perfeitamente esticados sobre a cama, livres de pregas e rugas que machucam a pele. Os lençóis devem ser trocados sempre que forem molhados. Deve-se evitar pressões demoradas do corpo sobre a cama, especialmente em regiões com proeminências ósseas como, parte lateral do quadril e coxa, região do cóccix (final da coluna), ombros, entre os joelhos, cotovelos, tornozelos, calcanhar.
Normalmente esses pacientes também ficam agitados durante o dia, nestes casos não adianta tentar convencer o paciente, precisa conversar com o médico responsável para que sejam administrados medicamentos específicos para agitação.
A fisioterapia ajuda retardar e amenizar os sintomas, realizando movimentos que simulam as atividades de vida diária do doente com Alzheimer, mantendo a capacidade funcional do paciente. A fisioterapia contribui em qualquer fase do declínio cognitivo e motor da doença de Alzheimer, agindo e trabalhando com a participação do paciente.
A atuação do fisioterapeuta não se limita apenas ao uso de métodos e técnicas, propõe uma abordagem que exija não só competência no manuseio, como também o reconhecimento e o uso de suas qualidades e habilidades humanas. O fisioterapeuta ajuda a retardar o avanço da doença e mantendo a independência e autonomia do idoso por um maior período de tempo.
O fisioterapeuta contribui muito com a qualidade de vida do paciente e da família. E quanto antes iniciar a intervenção, mais benefícios poderá trazer, mantendo o idoso bem, ativo e independente por mais tempo.
Leandro Borges é Fisioterapeuta e Instrutor de Pilates, Pós-graduado em Traumato-ortopedia com ênfase em Terapias Manuais.
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