Crivella anuncia Parque Realengo em 2017, mas local terá moradias do Exército
Ano passado os moradores de Realengo votaram diante do Prefeito e tinham certeza do sonho realizado, graças a uma reunião que aconteceu no auditório do Colégio Pedro II no dia 25/03/2017. Segundo matéria que consta no próprio site da Prefeitura, o encontro foi “para definir em conjunto qual o projeto a ser implementado na região de acordo com a prioridade da população local e o parque ganhou o voto da maioria”. O texto ainda ressalta que “a obra é um desejo antigo dos moradores”.
Pois quase um ano depois, o pesadelo do desmatamento chegou na antiga Fábrica de Cartuchos. Com autorização da Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma), a Fundação Habitacional do Exército (FHE) está removendo quase uma centena de árvores para a construção de um conjunto habitacional militar.
A secretaria informou que o terreno é particular e será construído um empreendimento. Ainda segundo a nota, a FHE deu entrada com processo de pedido de demolição de algumas partes de edificações existentes no terreno e corte de árvore.
- A Seconserma informa que já emitiu licença e autorização para a remoção de 72 árvores e o corte de mais 15, que já estão mortas. Haverá Medida Compensatória de 511 espécies nativas, cujo plantio será em local a ser definido e, preferencialmente, em locais próximos ao terreno, em Realengo e bairros adjacentes. – Informa a nota do órgão.
Voltando para março de 2017, Crivella informou que no início daquele ano, autorizou por meio do decreto municipal 42.772, um plano para a implantação de um parque na Zona Oeste, nos moldes do Parque de Madureira, determinando 90 dias para apresentar resultados. Perante um auditório lotado, o prefeito informou que o projeto incluiria área de lazer e esporte, entre outros benefícios que melhorariam a qualidade de vida da região, ressaltando que “o Parque seria construído no terreno ocupado pelo Exército”.
- Com a escolha do Parque de Realengo feita pela maioria, nós estaremos contribuindo para toda a região. Porque vai ser uma área de lazer espetacular, uma área democrática, uma área que vão os jovens, os idosos, os pobres, os ricos. Algo extraordinário que vamos deixar também para os nossos netos, bisnetos e pósteros como uma realização da nossa geração - explicou Crivella em março de 2017.
Aquela reunião com grande presença popular (e de testemunhas da promessa municipal), também teve a presença do recém empossado, então Superintendente de Bangu, Janir Moreira, que comemorou a decisão.
– É com muito orgulho, e como morador da região, que participo desse momento histórico de luta da população da Zona Oeste. O Parque Realengo é um sonho que vai virar realidade e mudar a vida das pessoas daqui. – sentenciou a autoridade municipal de Bangu, na época, que estava acompanhado do estão secretário municipal de Conservação e Meio Ambiente, Rubens Teixeira, e o presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP), Mauro Osório.
Retornando ao dias atuais, a Seconserma finalizou a nota que nos enviou ressaltando que, ”no terreno, continuarão preservadas 1.316 árvores e que o impacto ambiental no ar não será tão sentido, haja vista a permanência de mais de mil espécies frondosas no local”.
Procuramos o Prefeito para explicar porque a promessa de março de 2017 não foi cumprida e qual foi o resultado do decreto que determinava apresentação de resultados em 90 dias (curiosamente, final de março de 2017, data da reunião em Realengo). A resposta foi que “o posicionamento neste caso é apenas da Seconserma, pasta responsável pelo caso e que não temos mais o que comentar a respeito desse assunto”. Também procuramos a Fundação Habitacional do Exército, que não respondeu nossos contatos.
Hoje, os briosos lutadores do Parque Realengo Verde, que criaram uma página no Facebook para divulgar a iniciativa ecológica, continuam lutando para que a decisão seja revertida. Mas eles poderão dar a pior notícia: o fim de um sonho, mesmo diante promessas a dezenas de moradores.
Em tempo, a remoção das árvores no terreno já começou e o pesadelo de ver menos verde, fica mais real a cada dia. Confiram a foto antes e depois.