PMs mortos no Rio são homenageados em Jardim da Saudade no Dia de Finados
Evento teve presença do Arcebispo do Rio e apresentação de orquestra da PM
O Dia de Finados no Cemitério Jardim da Saudade resolveu homenagear guerreiros, mortos em serviço ou não. Emoção e saudade foram temas presentes na apresentação da Orquestra Sinfônica da Polícia Militar, no início da tarde dessa quinta-feira (02). Poucos conseguiram segurar as lágrimas ao ouvir “Heal the world” de Michael Jackson ou “Canção da América” de Milton Nascimento. Principalmente os parentes e amigos de militares mortos, que estavam presentes em grande quantidade.
Assim como diz a música do falecido rei do pop, a mensagem foi que “o mundo precisa se unir como um só, há pessoas morrendo”. E aquela que perdeu o filho assassinado, ressaltava a preocupação com o futuro dos “filhos” que ficaram.
- Não foquem em patentes, mas em guerreiros para que tenhamos um futuro melhor. Ele partiu fazendo o que amava. Honrem essa tropa, pois a única vantagem que meu filho me deu ao entrar para a PM foi me dar uma corporação de filhos. – falou emocionada Marilda Bastos, 63 anos, mãe do PM João Victor, que morreu em maio desse ano, no município de Duque de Caxias.
Carini Diniz, esposa que tem o marido policial em atividade, lidera um iniciativa na busca de melhores condições de trabalho para os PMs e criticou a falta de atitude do estado.
- Hoje é um dia de muita tristeza, porém algo nos conforta, pois eles estão num lugar muito melhor que aqui. Eles deixaram suas famílias, sem nenhum cuidado do estado. O movimento espera que as mortes cessem, pois é um genocídio. Esperamos que o Estado e a cúpula da PM resolvam isso. – finalizou ela, que faz parte do movimento “Somos Todos Sangue Azul”.
Para o Arcebispo do Rio, D. Orani Tempesta, todos precisam mudar e as leis serem alteradas, mas reforçou a fé em que tudo pode mudar.
- Essa missa que celebramos aqui em Sulacap é especial, pois aqui estão sepultados muitos policiais. Creio que tudo isso é para expressar que as leis precisam ser mudadas, além da justiça social. Creio que tudo isso denota numa sociedade doente, que mundo se adoentou e precisa ser curado. A cura é o amor e a
reconciliação para mudar todo essa quadro. Cada um de nós tem fazer sua parte, de ter o coração voltado para Deus. Num tempo de tanto desespero, temos que ter confiança que podemos mudar tudo isso – afirmou a autoridade da igreja católica no Rio, que logo após apresentação musical realizou uma missa, antes do Padre Roberto da igreja Nossa Senhora de Assunção, em Jardim Sulacap.
Aplaudidos de pé, a orquestra da PM finalizou a apresentação de músicas populares com a “Canção da América”, fazendo jus a canção, pois “quem cantava chorou” e foram lágrimas por aqueles amigos guardados no peito e debaixo de muitas chaves, de famílias enlutadas pela perda de maridos, filhos ou parentes muito próximos, que antes de irem para as ruas, fazem um juramento de servir e proteger. E muitas vezes é esse juramento que lhes tiram as próprias vidas, mas ainda assim muitos seguem dedicados e honrados em serem policias militares.