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Foto do escritorAlexandre Madruga

Em 1963, Governador Lacerda esteve em Sulacap na inauguração do Galpão recebeu pedido sobre cabine d


Naquela época, o Galpão Comunitário Jardim Sulacap era o primeiro mercado da COCEA do então Estado da Guanabara. Após décadas fechado e abandonado, a associação de moradores de Sulacap (AMISUL) manteve a manutenção básica do local, impedindo invasores, até que em 2012 na gestão Eduardo Paes o espaço foi entregue após ampla reforma e instalação de biblioteca pública.

No dia da inauguração do Mercado Jardim Sulacap, em 01/08/1963, houveram detalhes curiosos como as reivindicação da representante da associação de moradores da época, como a manutenção do posto policial que tinha na Praça Mário Saraiva e o pedido de construção de um ginásio no bairro, entre outras reivindicações. Curiosamente, esses dois pedidos estão sendo feito as autoridades nos dias atuais.

O então governador Carlos Lacerda, com diversas autoridades, esteve presente para inaugurar o mercado da Companhia Central de Abastecimento (COCEA). De acordo com dados obtidos no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (AG/RJ), discursaram José Carlos Fragoso Pires, Vera de Paula Barros e Carlos Lacerda na cerimônia de inauguração do primeiro mercado entregue ao povo do Estado da Guanabara pela COCEA, em Jardim Sulacap. Outras autoridades presentes eram o secretário de Economia da Guanabara, Guilherme Borghoff, o deputado Danilo Nunes, os administradores regionais Antônio Barcelos, de Bangu, e Luis Vital, da Penha.

Segue registro do AG/RJ:

Com a palavra o presidente da COCEA (Companhia Central de Abastecimento), José Carlos Fragoso Pires. Ele menciona que o primeiro mercado fazia parte de um programa de recuperação de mercados antigos e construção de mercados novos, no sentido de melhor abastecer e melhor distribuir os gêneros alimentícios à população do estado.

Após o discurso do presidente da COCEA, assume o microfone o representante da Associação de Amigos do Bairro Jardim Sulacap, a secretária Vera de Paula Barros. Ela se dirige ao governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda, às demais autoridades presentes e diz que o que se via era a concretização de uma das grandes aspirações da população do bairro, o Mercado das Organizações Ferreira e Frigorífico Guanabara. Ela relata ao governador as necessidades mais urgentes da população do bairro: recapeamento das ruas 10, 15 e 20, por onde trafegavam os ônibus dentro do bairro, cujos trabalhos de operação tapa-buraco, iniciados pela Administração Regional de Madureira, tinham sido interrompidos pela transferência administrativa daquela localidade para a Administração Regional de Bangu; solicita a transferência para o estado da responsabilidade de pagamento da loja onde se encontrava instalado o posto policial situado na praça Mário Saraiva, 115-A, naquela localidade. Ela salienta que o pagamento do aluguel vinha sendo efetuado pela Associação, com a ajuda do comércio local; construção de um ginásio estadual para o bairro, por conta do aumento da procura e pelo fato de o bairro se localizar muito distante de outros centros; instalação de um telefone público no posto policial, situado na praça Mário Saraiva, 115-A, em virtude de no bairro só existirem quatro telefones.

Assume então o microfone Carlos Lacerda. Ele fala do estado precário de funcionamento dos mercados quando chegou ao governo. Ele diz que com a constituição da COCEA tinha sido possível, e graças ao dinamismo e compreensão do secretário de economia, José Carlos Pires e companheiros, adotar a forma que então se consagrava: a iniciativa do estado completada e projetada pela iniciativa particular. Acrescenta que se sentia à vontade em voltar à Sulacap por ter cumprido o compromisso com o povo do bairro com a entrega do mercado. Sobre as novas reivindicações, ele diz que o modo gentil como foram feitas pela oradora o levavam a dar uma resposta imediata. Quanto ao posto policial, a diretoria da COCEA acabara de autorizar a divulgação de que o órgão assumiria o encargo de pagar o aluguel do posto policial, com a condição de que não se aumentasse o aluguel na hora de passar para a Companhia do Estado. Sobre o problema de ruas, Lacerda diz que o engenheiro Barcelos, administrador regional de Bangu, estava retomando o assunto, isto é, recomeçando o trabalho de recapeamento e repavimentação. Carlos Lacerda aproveita a oportunidade para dizer, até pelo fato de estar presente um representante da Sul América, que embora tivesse respeito pela obra que a Sul América havia realizado, sendo uma das obras de loteamento mais completas e bem feitas, ela não tinha cumprido com a lei dos loteamentos, fazendo com que os moradores tivessem que conviver com as ruas em estado precário de pavimentação.

Lacerda acrescenta que o que a Sul América tinha feito não era pavimentação, e sim tapeação, para poder inaugurar o bairro. No que se refere ao ginásio, ele pede tempo para consultar Flexa Ribeiro, secretário de Educação. Assegura que era intenção do governo construir no bairro um ginásio. Mas, ele não poderia assegurar quando; se ainda seria no ano corrente ou no ano seguinte. Salienta que a região deveria ter um ginásio, pois tinha densidade de adolescentes para tal, e que justamente por ser intenção de seu governo fazer ali um ginásio isto seria feito o mais rápido possível. Ele, então, comunica que chegara a sua vez de fazer uma reclamação. Pede que o povo visse como era solitária e triste a função de governar o estado da Guanabara, senão o país. Adianta que há quase dois anos vinha clamando para que se devolvesse ao estado da Guanabara o direito de decidir sobre telefones, que não mais lhe pertencia desde que houve intervenção federal na Companhia Telefônica. E o povo de Sulacap, segundo ele, considerado como parte de uma comunidade esclarecida, “das mais esclarecidas e das mais atuantes de qualquer bairro do Rio de Janeiro”, ainda ignorava essa circunstância e pegava o governador e lhe pedia um telefone, como se ele tivesse alguma autoridade sobre o problema de telefones.

Ele deixa bem claro ao povo de Sulacap que havia dois anos ‘um general’ dirigia como interventor todos os assuntos relativos à Companhia Telefônica Brasileira. Acrescenta que o que tinha sido feito era uma Companhia Estadual de Telefones para a área que não era do contrato da Light.

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